22 Julho, 2016 Dep. Comunicação

ENVELHECIMENTO ATIVO – UM NOVO PARADIGMA

Este paradigma baseia-se em assunções derivadas de novos resultados da investigação sobre o envelhecimento e a velhice. Está relacionado com o estudo de componentes positivos que caracterizam o processo do envelhecimento centrado nos seus potenciais determinantes que influenciam e fomentam a saúde, o bem estar e a qualidade de vida ao longo do ciclo vital e particularmente durante a velhice. A Organização Mundial de Saúde identifica fatores extremamente importantes no que concerne ao envelhecer ativamente, nomeadamente a importância de potenciar o bem estar físico, social e mental das pessoas ao longo do ciclo de vida, adotando o conceito de envelhecimento ativo para expressar o processo de conquista da visão deste conceito como uma experiência positiva, em que uma vida mais longa deve ser acompanhada de oportunidades no âmbito da saúde, participação e segurança.

O termo envelhecimento ativo foi adotado pela Organização Mundial de Saúde no final dos anos 90, procurando esta transmitir uma mensagem mais abrangente do que é o envelhecimento saudável, reconhecendo, para além dos cuidados de saúde, outros fatores relacionados ao modo como os indivíduos e populações envelhecem. Segundo a World Health Organization, a abordagem do envelhecimento ativo é bastante mais abrangente, pois baseia-se no reconhecimento dos Direitos Humanos das pessoas mais velhas e nos princípios de independência, participação, dignidade, assistência e auto-realização estabelecidos pela Organização das Nações Unidas. Esta abordagem apoia a responsabilidade dos mais velhos, tanto no exercício da sua participação nos processos políticos, como em aspetos da vida em comunidade. Nos últimos 50 anos, a sociedade portuguesa foi alvo de mudanças radicais em termos políticos, económicos e sociais, que influenciaram o comportamento populacional e as tendências demográficas. Um aspecto a ter em conta foi o facto de, em 50 anos, a esperança média de vida da população portuguesa ter aumentado cerca de 15 anos para ambos os sexos, acompanhando desta forma a tendência dos países mais desenvolvidos. No fundo, a conjugação de vários factores demográficos registados em Portugal no decorrer dos últimos 50 anos, resultou no envelhecimento atroz da nossa população. A consciencialização da sociedade para a importância do apoio aos idosos é absolutamente essencial para dinamizar as respostas que essa mesma sociedade encontra, no sentido de prestar os cuidados que os idosos necessitam para aumentar a sua qualidade de vida e bem-estar. A criação, por exemplo, de redes de proximidade na comunidade, que reforcem as redes sociais e informais mantendo o idoso activo na sua comunidade é uma das respostas que pressupõe um elevado grau de consciencialização social para esta realidade. Não se trata de assegurar a sobrevivência, mas de garantir o bem-estar global. É preciso, simultaneamente, anular as barreiras que existem ou podem existir, nas próprias comunidades e nas sociedades no que toca à compreensão e aceitação destas necessidades, e até barreiras, que consciente ou inconscientemente, muitos dos mais velhos possam alimentar, provocadas por uma espécie de vergonha social pelas limitações provocadas pelo processo de envelhecimento, numa sociedade que exalta a juventude. De uma maneira geral, urge a necessidade de fomentar políticas que apoiem atividades e dinâmicas com o intuito de aumentar a coesão comunitária, o voluntariado, a cidadania e o bem-estar. Pessoalmente considero que, a implementação deste tipo de políticas passa pela sensibilização da consciência social , devendo esta ser suportada em relações humanas que desenvolvam o

compromisso intergeracional. Acredito que atividades que coloquem em interação uma mistura de grupos de idade, antecipam a criação de relações positivas, educando os mais novos e os mais velhos para os benefícios do convívio, partilha e aprendizagem entre gerações, ou seja, praticas que visem apelar os intervenientes para uma sociedade mais justa. Envelhecer com qualidade é o maior sucesso da Humanidade. Este desafio contém em si um desafio político às sociedades que devem sentir a necessidade de criar estruturas e prestar serviços aos mais velhos. Não como uma obrigação, mas como uma exigência da qualidade de vida de todos nós, com a máxima de atingir um envelhecimento bem-sucedido. A definição de envelhecimento ativo é fundamental, mas ainda mais pertinente é a sua consciencialização por parte quer dos idosos quer da própria sociedade. Indispensável para que os Estados Sociais consigam redesenhar políticas sustentáveis e adequadas de abordagem a este desafio permanente dos Estados Modernos, onde a taxa de natalidade é baixa e a esperança de vida cresce.
ÂNGELA CAEIRO OLIVEIRA Diretora Técnica AURPIPP

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